Diário Catarinense - As atuais demarcações dos chamados terrenos de marinha, áreas
próximas às orlas da costa brasileira e às margens de rios e lagos,
sujeitas ao pagamento de taxas — podem ser suspensas com base em um
Projeto de Decreto Legislativo recém-aprovado no Senado. Trata-se de uma
proposta de autoria do senador Dário Berger (PMDB-SC),
que contesta os critérios adotados pela União para definir o que pode
ser considerado terreno de marinha em todo o território brasileiro.
Historicamente,
eram demarcadas como propriedade da União as áreas distantes até 33
metros da orla marítima, tendo como base a linha do preamar médio,
definida pela média das marés máximas registradas no ano de 1831. Mas
uma norma editada pela Secretaria do Patrimônio da União (SPU), em 2001,
restabeleceu diretrizes e critérios para a demarcação dos terrenos.
Assim,
na visão do senador, a União passou a demarcar terrenos que não
deveriam ser considerados área de marinha. O argumento é de que as
demarcações mais recentes extrapolam o limite de 33 metros e atendem a
interesses imobiliários da União.
—É uma injustiça peculiar. Essa
remarcação reconsidera a linha do preamar de 1831 e avança
substancialmente nos terrenos que, supostamente, não são de marinha, mas
que vão ser cadastrados como tal — aponta Dário Berger.
Aprovado no último dia 14
no Senado, o projeto seguirá para votação na Câmara dos Deputados e, se
aprovado, passará a ter efeito depois de promulgado pela presidência do
Senado. Nesse caso, não depende do aval do presidente Michel Temer.
Na
prática, a tramitação completa do projeto suspenderá a norma editada
pela SPU em 2001, suspendendo também todos os processos administrativos
em andamento desde aquele ano. Assim, o entendimento sobre o que é área
de marinha dependeria de novas demarcações.
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